Eneagrama


HISTÓRIA 01 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela é obcecada pela perfeição, não aceita falhas ou imperfeição alguma, sempre acha falhas no ambiente, sempre tem algo para reclamar. Presume-se moralmente superior, considera os outros incapazes e “coitados”, bons apenas se forem mandados.
Tem mania de economizar, de guardar, sempre reclama de qualquer gasto, sempre implica com limpeza e ordem.
Não aceita opiniões diferentes, acha que só existe uma visão correta e um único jeito certo de fazer as coisas. Agarra-se com unhas e dentes àquilo que considera certo e é capaz de viver continuamente obcecada por isso. Vive insistindo em aspectos que achou serem importantes, mas é capaz de não dar atenção a outras coisas importantes que estão indo por água abaixo. Acha ter sempre razão, pensa que sua verdade é sempre a única.
Seu estilo de falar é uma constante lamúria moralizante, sempre corrigindo, criticando, aperfeiçoando. Encanta-se quando algo lhe parece perfeito, mas logo se decepciona e fica frustrada quando começa a notar as imperfeições, por isso logo passa a ver tudo negativo. Seu comentário freqüente é: “Pense corno isto poderia ser perfeito”, “já pensou se fizesse assim?”.
Vive a compulsão do tempo, da pontualidade, martelando os outros com isso. E séria e geralmente não conta piada nem consegue relaxar, não consegue divertir-se gratuitamente, mas sempre está querendo ver o lado prático, útil, funcional e só se diverte fazendo coisas “úteis”.
Ferve de raiva muitas vezes, mas dificilmente admite estar com raiva e sempre fica culpando os outros por suas próprias raivas. Aqui e ali explode em acessos de fúria, às vezes por questões de pouca importância.
Vive na compulsão de corrigir tudo e todos, de aperfeiçoar o mundo, mas nunca se sente satisfeita com aquilo que consegue aperfeiçoar. Tem dificuldade em aceitar urna crítica de alguém, e sempre atribui a crítica aos outros. Arrasta continuamente um sentimento de irritação, um estado constante de ressentimento, como se qualquer coisa, por menor que fosse, a irritasse, a magoasse. Pode até ser farisaica e hipócrita, exigindo dos outros uma rigidez moral que ela mesma não vive.
Por tudo isso, se pode tornar uma pessoa bastante difícil, pois os outros se sentem continuamente julgados por ela, já que ela não consegue compreender porque os outros não se esforçam por ser melhores. E até capaz de perdoar, mas fica guardando na sua cabeça listas de defeitos e erros dos outros, e um dia qualquer, joga tudo isso na cara deles. Acaba estressando as pessoas com as quais convive, a ponto delas deixarem de levá-la a sério.


HISTÓRIA 02 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela vive querendo compulsivamente ajudar os outros para se fazer notar e para ser amada. Ela tem necessidade de ser prestativa e acha que todos precisam dela, por isso superprotege os outros e faz com que eles precisem realmente dela. Ela pratica toda essa ajuda, mas sempre esperando receber em troca o carinho e a aprovação dos outros. Ela é vaidosa, convencida de si mesma, orgulhosa por achar que tanta gente depende de sua ajuda.
Ela precisa exageradamente de elogios. Quando não recebe o reconhecimento por aquilo que faz ou não é elogiada, se queixa e fica ressentida. Costuma até reclamar dizendo: “Como podem fazer isso comigo, depois de tudo o que fiz por eles?” Ela se queixa, chamando a atenção para a ajuda que prestou e para a obrigação que os outros têm de reconhecer e retribuir . Ela fala sempre em não querer reconhecimento e apoio quando, no fundo, precisa urgentemente deles.
Imagine que ela é capaz de ajudar sem que ninguém lhe peça, e chega a ser capaz até de inventar necessidades para os outros e depois reclamar que os outros a estão explorando.
Quando não recebe atenção e gratidão, costuma ficar ressentida e amargurada.
Ela parece ter uma antena ligada, um “medidor de gosto” para medir e testar se os outros gostam dela ou não.
Isso pode até cansar os outros, pois ela, continuamente e, às vezes, de forma sutil, exige dos outros que prestem atenção a ela, a acariciem, tenham necessidade dela. Ela vive se lamentando, se achando mártir porque todo mundo precisa e exige dela.
Ela tem muitos amigos, porque se faz amiga de muita gente, mas os manipula e os manobra par que gostem dela, os “compra” com seus agrados para que se sintam dependentes dela. Ela sempre se orgulha de que muita gente desabafa com ela e vive dando conselhos e soluções que prometem êxito.
Ela costuma se intrometer na vida dos outros sem que estes o peçam. E só se dá bem em lugares e ambientes onde receba aprovação.
Ela está sempre bajulando. E incapaz de “ficar sozinha”, pois entra em parafuso por lhe faltar o reconhecimento que espera dos outros.


HISTÓRIA 03 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela vive sob a compulsão do êxito e do sucesso, evitando a todo o custo o fracasso, pois acha que só será amada se obtiver êxito.
Ela parece sempre em competição com os outros, tentando aparecer, dar nas vistas, causar boa impressão, criar impacto, projetar uma imagem vitoriosa e de sucesso.
Ela é capaz de se identificar tanto com aquilo que faz ou com a instituição a que pertence, que os outros chegam ao ponto de não saber quem ela é realmente, até porque vive constantemente mudando sua maneira de ser para se adaptar às expectativas dos outros e se sair bem.
Ela é uma pessoa cuja preocupação permanente parece ser: “terei êxito?”, “Darei conta do recado?”.
Trabalha sempre por recompensas externas, esperando sempre o elogio e aprovação. Ela vive atulhada de coisas para fazer, com a vida sempre muito ocupada. Ela costuma ser intolerante com os outros, não admitindo que eles trabalhem abaixo de suas capacidades. Ela sempre busca causar impressão, sempre busca o prestígio e o status, e é perita em se autopromover, pode até aparecer como impostora, como alguém que vai se safando na vida a troco de mentiras e de enrolar os outros.
Ela “esquece” o lado problemático das coisas e só vê o positivo daquilo que faz. Costuma prever todos os passos de um projeto de vida bem planejado para galgar postos na vida e no trabalho.
Assume qualquer disfarce e nele se dá bem, como um eterno vendedor, sobretudo de sua própria imagem. Ela sempre arruma um jeito de se fazer notar, de “fazer publicidade” de seus êxitos, a fim de receber elogio e louvor. Gosta de falar de suas experiências bem sucedidas e sente vaidade pelo que faz, apresenta-se a si mesma e a seus projetos de forma convincente.
E uma pessoa que nunca se farta de elogios e de louvores, pois seu combustível é o elogio. Ela quer ser autoridade e, no relacionamento, assume ares de autoritarismo. Ela costuma ver os outros em termos do que eles têm ou do que podem fazer para ajudar em seus próprios projetos. Seu estilo de falar é propagandístico.
Costuma fazer da mentira um modo de vida habitual, procurando sobretudo encobrir o lado problemático das coisas e exagerando suas vantagens. E superficial, e não se preocupa em aprofundar as coisas, pois geralmente se dá bem na superficialidade. Considera verdadeiro apenas aquilo que funciona. Além de tudo isso, está convencida de sua solidez psicológica.
Vive fugindo do fracasso e da rejeição. Quando não pode esconder o fracasso, “enverniza-o” como vitória parcial, ou joga a culpa nos outros, ou então abandona rapidamente o projeto e se lança em outro. Tem uma auto-estima exagerada, mimada pelo sucesso, acreditando que tudo o que faz é certo. E vaidosa e valoriza exterioridades secundárias, como a roupa, a aparência, a atividade externa, deixando de lado o essencial.




HISTÓRIA 04 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela vive basicamente voltada para si mesma, com a sensação de que falta sempre algo à sua vida e os outros têm aquilo que lhe falta, o que a leva a viver se comparando com os outros e sentindo inveja de tudo e de todos. Não há nada que não possa invejar.
Mesmo quando alcança sucesso, sente-se insatisfeita, concentrando sua atenção em detalhes refinados que faltam, fazendo das pequenas falhas motivo de irritação.
Vive como que ausente das coisas, por viver mergulhada em si mesma, procurando o inalcançável.
Ela muda de humor facilmente. Está sempre preocupada com o que os outros pensam dela, procurando perceber se está se destacando. Ela se acha especial, diferente do comum dos mortais. Às vezes se torna esotérica, excêntrica, extravagante, exótica. Acha-se no direito de estabelecer as próprias normas e tem uma consciência elitista, considerando os outros como “uns coitados que não entendem”. Por outro lado, ela tende a “idealizar” as massas incultas, mas apenas como visão lírica, pois na realidade é incapaz de conviver com a pobreza, a sujeira e o comum.
Ela acha que as regras e as leis não se aplicam a ela, porque ela é “especial”, e por isso cria uma certa “amoralidade”. Gosta de viver no limite do “escândalo” e tem fascínio pelo proibido e necessidade de se auto-afirmar assumindo atitudes que mostrem sua “liberdade” em relação aos outros e às normas.
Ela pretende aparecer como simples e espontânea, mas planeja tudo meticulosamente para ser atraente, estética, até na maneira de vestir. Detesta e despreza tudo o que é comum, rotineiro, banal.
Ela pode acabar sendo rejeitada e abandonada, por se ter voltado demasiadamente para si mesma. Demonstra um ar melancólico e tem a depressão como estado de espírito freqüente. Ela é capaz de pedir um conselho e logo em seguida o desprezar e ridicularizar, achando que ninguém é capaz de compreende-la. Quando se sente abandonada, é capaz de apelar para todas as emoções, fazendo cenas teatrais e violentas acusações, gestos suicidas e de desespero. Vive na compulsão de ser autêntica e, quanto mais original procura ser, mais artificial se torna.
Ela aparece como uma criança com sentimentos de inferioridade, invejosa que consegue perceber de imediato quem é mais ou quem tem algo mais do que ela, o que a faz sentir-se diminuída.
Ela entra em pânico quando lhe exigem que seja como os outros ou assuma regras. Ela tem vergonha de si mesma, e não se aceita por achar que os outros ficariam desiludidos se a vissem do jeito que é, e por isso tenta se “enfeitar”, expressando-se de modo artístico.
É uma pessoa cujo entusiasmo pelos outros é inconstante, dando às vezes a impressão de que não está nem aí para os outros. Ela, para se sentir feliz, precisa ficar deprimida de vez em quando, correndo o risco de desenvolver uma personalidade maníaco- depressiva, e, quando está em depressão, não aceita ajuda de ninguém. Ela leva muito a sério seus sentimentos e fica magoada quando eles são feridos.
Vê todas as coisas de modo subjetivo. Não aceita críticas e se retrai quando alguém a critica.


HISTÓRIA 05 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela é uma pessoa distante e mais parece um castelo impenetrável. Ela se retira sistematicamente, evitando o contato, o relacionamento, refugiando-se no mundo isolado de suas idéias e conhecimentos. Ela, para se sentir feliz, precisa da solidão.
Sempre se sente vazia por dentro e é incapaz de pedir, apegando-se ciosamente àquilo que tem. Ela só experimenta o prazer de Viver quando está sozinha. Tem aversão a colocar seu tempo à disposição dos outros, por achar que os outros vão roubar sua energia. Ela tem dificuldades em partilhar ou falar acerca de assuntos que envolvam afetividade e sentimentos e por isso se retrai, caindo fora quando o ambiente tende para esse lado.
Gosta de prever tudo, ter tudo sempre bem explicado e sob controle, pois teme que o imprevisto desperte nela reações que ela não possa controlar.
Ela divide sua vida em compartimentos absolutamente isolados entre si, podendo ter amigos em vários setores de sua vida, mas sem que estes se conheçam entre si.
Pensa muito antes de agir.
Sente-se insegura, como se não tivesse lar, o que a leva a se fechar em si mesma, como um animal que finge estar morto quando se sente em perigo. Ela dá a impressão de ser petulante e fria, superior aos outros, como se não precisasse de ninguém e se considerasse superior.
Ela até é capaz de grandes amizades, mas não se pode exigir dela iniciativa, proximidade corporal ou doação constante, pois teme estender o dedo para que não lhe tomem a mão.
Ela passa a vida se preparando para alguma coisa, mas nunca se sente apta para assumir algo concreto. Ela faz de tudo para fugir das atenções, do relacionamento, do envolvimento emocional, da partilha.
Ela pode até apresentar traços “esquizóides”, desenvolver formas de autismo ou acabar completamente isolada da realidade.
Ela se acha sábia. Faz do conhecimento sua segurança e, quanto mais conhecimento busca, mais vazia se sente e mais se isola. Ela tudo quer pegar, captar, aprender, armazenar. Ela tem facilidade em explicar o mundo, mas pouco ou nada faz para transformá-lo.
Ela tem medo de se perder ao se doar e por isso pode tornar-se avarenta.



HISTÓRIA 06 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela não confia em si mesma, sente-se insegura, cautelosa, medrosa, desconfiada, sempre farejando perigo, às vezes até com “complexo de perseguição”. Ela sente o mundo como algo perigoso, e por isso fica sempre de pé atrás, buscando seguranças externas.
Ela costuma ser emocionalmente dependente dos outros, por não achar em si motivos de confiança. Ela busca segurança nas autoridades, nas leis, nos sistemas rígidos em que tudo está bem definido, e se apega a isso com unhas e dentes, ou, às vezes, se revolta contra isso e passa por cima de tudo. Ela é capaz de ser extremamente obediente ou agressivamente desobediente.
Ela teme a agressão dos outros, mas, às vezes, se toma altamente agressiva. Ela geralmente é amável e ajustada, mas, de repente, pode se tornar vulgar e cheia de ódio, mesquinha e destruidora. Ela teme o castigo, mas, às vezes, o procura e o atrai sobre si mesma.
Ela quer verdades prontas e definidas para levar para casa. Ele costuma ser uma
pessoa ambígua, que os outros nunca sabem o que esperar dela e, no pior dos casos, é
capaz de desenvolver uma energia do tipo “nazista”, exigindo de maneira totalitária e
presunçosa que a realidade seja do seu jeito.
Ela é capaz de colocar em dúvida sua própria posição, em vez de sustentá-la. Uma pessoa sistematicamente pessimista, com medo do sucesso, que esquece rapidamente seus êxitos e só vê o negativo do seu passado.
Quando a elogiam, sempre fica desconfiada dos motivos e sempre olha os ambientes buscando os menores indícios de perigo. Ela é capaz de ver insinuações maldosas ou segundas intenções em conversas objetivamente inocentes.
Mesmo quando a situação em geral é boa, concentra-se em detalhes negativos. Estabelece para si mesma, requisitos sobre-humanos e depois desiste, por ver que não consegue alcançá-los. Ela desconfia da ajuda dos.outros e prefere passar pelas dificuldades sozinha, pois é capaz de desconfiar até da própria sombra.
Ela pensa muito e vai retardando a ação, por medo de tomar atitudes erradas. Ela tem medo da raiva aberta e por isso a atribui aos outros. Ela não aceita crítica ou rejeição daquilo que acha ser correto e defende isso até o fim.
Seu estilo normal de falar é sempre podando os outros, impondo-lhes limites.
Busca compulsivamente seguranças, mas cada vez se sente mais insegura, pois vive procurando a segurança fora dela mesma.
Sempre aparece como “advogado do diabo”, é sempre do contra, desconfiando, levantando suspeitas ou hipóteses engenhosas a respeito dos motivos dos outros.
Ela vive sob a compulsão do medo que, geralmente, são “fantasmas cerebrais”, criados por ela mesma, pois objetivamente podem até não existir razoes que justifiquem tais medos.
Ela está sempre observando meticulosamente as regras e cuidando para que ninguém as infrinja. Ela, por não ter consciência dos próprios medos, os projeta nos outros. Vive fantasiando o pior, projeta nos outros inimizade, ódio, pensamentos negativos. Ela, no fundo, se sente fraca e vulnerável.

HISTÓRIA 07 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela usa o charme desarmado e a jovialidade para enrolar os outros. Sempre entregue aos mais diversos prazeres e a muitos planos.
E narcisista, convencida de suas qualidades excepcionais, acha-se superior aos outros. Gosta de aproveitar o melhor da vida, sempre em busca de aventuras e de experiências culminantes.
Ela está sempre tagarelando, fugindo das responsabilidades: o “papo-furado” é para ela uma maneira de substituir o esforço real e o trabalho.
Ela gosta de manter abertas todas as opções e por isso dificilmente assume compromissos definitivos. Ela vê bondade e beleza em tudo e não consegue enxergar as dificuldades, nem o lado negativo das pessoas e das coisas. Ela substitui o aprofundamento pela imaginação de coisas prazerosas e por isso vive fazendo planos, falando, intelectualizando..., embora nunca chegue a assumir o que planeja.
Ela está convencida de conseguir enrolar os outros através de um “bom papo”, escapando, assim, de situações difíceis ou de. compromissos não cumpridos. Ela só consegue perceber e lembrar as coisas boas da vida.
Ela é capaz de trabalhar duro, mas apenas quando o projeto em questão lhe agrada.
Quando os outros não reconhecem seus méritos, racionaliza, isto é, fica inventando justificativas racionais para minimizar seu sofrimento ou tentar disfarçar seu fracasso. Ela tem muita facilidade em combinar coisas, assumir compromissos casuais, mas que depois não os cumpre.
Ela tem medo de ir fundo nas coisas, pois teme que isso desmascare sua superficialidade e sua inconsistência, deixando que o sofrimento e a frustração espreitem. Às vezes, beira o charlatanismo.
Ela procura nivelar a autoridade, não aceitando ninguém acima dela, nem abaixo dela, por não querer sentir responsabilidades. Costuma ser bastante fantasiosa, brincalhona, mas usa isso para esconder o profundo sofrimento por experiências dolorosas que carrega consigo. Ela acaba chateando os outros por dar a impressão de não levar nada a sério e, com o tempo, acaba perdendo o crédito e a confiança dos outros. Ela vai “empurrando com a barriga” as tarefas desagradáveis e parece viver no mundo da lua, como se a vida fosse só festa. .
Ela, nos primeiros contatos, dá a impressão de ser muito versátil e muito versada em diversos assuntos, mas depois se vai mostrando superficial e sem consistência, pois não aprofunda nada, é apenas generalista, combinando engenhosamente alguns poucos fatos, de forma a dar a idéia de um todo completo. Por isso, domina a arte de “blefar”, é gozadora, gosta de “fazer hora com a cara dos outros”.
Ela, no fundo, é autoritária e por isso não gosta de trabalhar dependendo de outros. Ela sempre acaba fazendo aquilo que deseja e lhe agrada, quer alguém a acompanhe ou não. Ela faz contatos muito facilmente, mas ainda mais facilmente esquece as pessoas, não conseguindo também aprofundar as amizades. Ela, quando sente raiva, manifesta-as, debochando do problema ou ridicularizando aqueles que se preocupam com a questão.
Vive sob a compulsão da intemperança, uma gula generalizada que a leva a procurar tudo o que seja agradável e prazeroso, de forma ilimitada e insaciável, exagerando em tudo o que seja prazer e diversão, achando que “mais é sempre melhor”. Ela nunca admite sua dor e sofrimento, pois os desloca, racionalizando-os. E capaz de passar a vida sem conseguir enxergar seu lado negativo (sombrio) e sem aprender a conviver com seus problemas. Tem uma visão exageradamente positiva de si mesma, fugindo sempre da dor e, quando as coisas se apresentam complicadas, logo escapa, dizendo que tudo vai melhorar. Ela é uma pessoa a quem é muito difícil criticar, pois suporta a crítica com um sorriso desconcertante, dando a impressão de que esta não a atingiu.



HISTÓRIA 08 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela acha que os fortes dominam o mundo e os fracos levam a pior e, por isso, desenvolve a força como auto-proteção. Sua questão central é o controle: saber quem está no poder, controlar todas as situações, assegurar seu domínio pessoal.
Ela vive testando os outros, pressionando seus pontos fracos. Ela é capaz de sentir prazer em ser o “vilão da novela”, cuja vida aparece guiada por agressões, e que nunca volta atrás para pedir perdão.
Ela quer tudo bem claro e previsível, mas sente tédio quando não tem uma posição para defender e brigar. Gosta de regras bem definidas, mas é a primeira a quebrá-las. Cria problemas, compra brigas por qualquer besteira, intromete-se na vida dos outros... Ela, geralmente, perante novas idéias, pessoas ou situações, se mostra renitente.
Dificilmente mostra seu lado terno e seus sentimentos de carinho ou suas emoções, pois se sente insegura quanto à criança que existe dentro dela.
Quando está no poder, é capaz de fazer com que os outros se sintam seus “capachos’, oprimidos e jogados, enquanto ela mesma nem percebe o quanto sua atitude intimida e fere os outros. Ela não sente o menor constrangimento em expressar suas raivas de forma aberta e direta. Usa a “luta”, a briga como forma de estabelecer contatos, sem perceber que isso acaba ferindo e intimidando os outros.
Nota com muita rapidez os pontos fracos dos outros e disso se aproveita, sem escrúpulos, para tirar vantagem. Sua agressividade provoca também agressividades nos outros e por isso é facilmente odiada. Tende a considerar sua opinião e visão como as únicas corretas e por isso se fecha a opiniões contrárias. Tem um pendor para a arrogância e o autoritarismo, e ai daquele que se mostrar altivo para com ela.
Ela detesta covardia e moleza, e é amante do risco e de desafios perigosos. E uma pessoa de extremos, cujo lema é “tudo ou nada”. Seu estado preferido é o do excesso, seja de trabalho, comida, bebida, prazer... Ela age sem pensar, e, quando se entusiasma por uma coisa, ninguém consegue desviar a sua atenção.
Sentindo-se coagida, se torna furiosa e inflexível. Vive sob a compulsão de desejos de vingança, de retribuição, de repor a justiça, achando que o culpado precisa ser punido e sempre é preciso encontrar um culpado quando as coisas vão mal. Ela não se preocupa com sua imagem pública e gosta de experiências marginais. Ela detesta ser excluída de qualquer círculo ou decisão e não admite ser enrolada.
Seu estilo de falar sempre provoca, instiga os outros. Ela não se preocupa em respeitar a vulnerabilidade ou dignidade dos outros, e os usa sem escrúpulos, fazendo-os de objetos, para satisfazer seus interesses.
Ela sistematicamente nega tudo o que seja sinal de fraqueza, limitação, ou tudo o que não condiz com sua própria verdade. E uma pessoa para quem o mundo é dividido em preto e branco, amigos e inimigos, e prefere estar “totalmente errada que ligeiramente certa”...

HISTÓRIA 09 - CONHEÇO UMA PESSOA ASSIM...

Ela é aparentemente muito tranqüila, mas pode estar fervendo de raiva, guardando- a só para si mesma. Ela não sabe o que quer e por isso se deixa absorver pelos desejos dos outros, andando a reboque, dispersando sua atenção com coisas secundárias e esquecendo as essenciais.
Ela dificilmente diz não, mas também não diz sim, preferindo ficar na posição cômoda de dar a impressão de ter dito sim, sem na verdade ter se comprometido. Ela vive numa sonolência contínua, descomprometida, em que as decisões ficam pendentes e vão sendo “empurradas com a barriga”, até que outros as resolvam ou elas mesmas se resolvam por si.
Ela é teimosa, e quando se sente forçada, não se mexe nem um milímetro. Se estiver chateada, sabendo o que os outros esperam dela, não o faz, precisamente para “chatear”. Sua decisão é não tomar decisão alguma, e por isso sua mente vive cheia de assuntos não concluídos, ficando assim presa ao passado, sem conseguir evoluir ou se comprometer com o presente.
Ela vive “no automático”, agindo pelo hábito, dando a impressão de viver desligada das coisas, das pessoas e da realidade. Muitas vezes não se esforça para mostrar aos outros seu talento. Facilmente se deixa levar pela “onda”. Prefere o caminho do menor esforço e por isso não é muito de se engajar para transformar as coisas.
Ela fica se auto-rebaixando constantemente, diminuindo-se, achando que não presta, que não vale grande coisa, mesmo quando tem grandes qualidades. A primeira vista, isso aparece como humildade, mas no fundo é uma falsa modéstia, por medo de aparecer e de se comprometer; Ela evita sistematicamente tudo o que seja conflito e por isso se omite e se acomoda. E lenta para agir, a ponto de, com sua “lerdeza”, irritar os outros. Caso não fiquem bem definidos os contratos com ela, provavelmente nada fará, e muitas vezes age como se nada tivesse entendido.
Ela tem tendência a se anestesiar, se narcotizar, isto é, arrumar algum vício como escape para sua indecisão. Ela sempre precisa de alguém que a estimule para poder agir e dá a impressão de viver no mundo da lua, divagando, sem se concentrar no que faz ou no que fala. Quando se encontra em situação aflitiva, se retrai e é incapaz de sair da “fossa” por suas próprias forças.
É indolente e comodista e acha tudo complicado, trabalhoso e difícil. Cultiva uma atitude de desconfiança em relação ao mundo e por isso desenvolve urna atitude passivo-agressiva: “Não me engajo”, o que significa também uma atitude de arrogância, achando que os outros não merecem seu esforço. Embora seja geralmente tranqüila, de repente pode ter acessos explosivos de raiva e de fúria, assustando todo o mundo. Ela geralmente demora muito tempo para tomar iniciativas e fazer opções definitivas.
Ela vive bem perto da possibilidade de passar pela vida sem nada fazer, pela propensão que tem para a omissão.