18 de março de 2011

Ética e mística


A ética e a mística estão uma para outra como a seiva está para árvore, como a fonte está para o rio, como a alma para o corpo, como a imanência para a transcendência, como o divino está para o humano e o humano está para o divino. Elas não se dicotomizam, mas se integram na construção da ethos do ser humano. Elas são humanizadoras e acolhedoras.
Elas constituem duas visões do humano. Nelas, o humano se eleva e se dignifica. Sem elas, a humanidade e o mundo desumanizam e ficam vazios de sentido. Sem ética o mundo deixará de ser humano. Por falta de ética, o homem sucumbe com toda a humanidade, por falta de mística, o humano desfalece, porque a mística brota da “anima”, isto é, o principio vital de todas as coisas. A partir do olhar ético, precisamos construir um novo paradigma de convivência com o outro fundamentado na experiência pedagógica, que funde a relação benfazeja com todos os processos de aprendizagem e harmonização na formação do educador-educando. Assim sendo, é preciso que o docente construa uma ética da alteridade embasada na cortesia espiritual e na responsabilidade ética pelo outro.
A mística não é solitária, mas social. Ela não é tranquilidade e satisfação. Pelo contrário, é a inquietação mais profunda do coração humano. Vem do interior para o exterior e do exterior para o interior. É auto-realizadora. Passa a existir quando se acredita nela. Sua essência é o valor da vida humana e o sentido da vida é a própria vida. Ela abarca o amar e o confiar, o saber e todo nosso existir. Perpassa todas as realidades humanas. Nasce com o humano, cresce com o humano e se plenifica no humano, a partir de uma construção diária. Ela é paixão pela vida; É movimento em direção ao outro. É pathos ou afetividade, paixão. Como pathos é a experiência-base do ser humano. É mistério profundo da existência humana que se assemelha à respiração vem de dentro para fora e de fora para dentro. Sem ela não viveremos. Sem ela não somos nada.

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