A experiência básica da “alteridade” é
de “alteração”: ela nos altera, nos desinstala, porque nos situa diante de
alguém que se impõe e deve ser reconhecido como igual, é essa igualdade que dá
sentido a nossa existência, enquanto ser humano, pois a partir da relação com o
outro nos identificamos e nos difernciamos. A alteridade é um trabalho penoso –
de verdadeira luta consigo mesmo para assimilar e integrar a presença do
“outro” na sua singularidade e diferença.
O docente vê-se diante de uma nova
aprendizagem paciente do ver, do escutar, do entender e compreender o outro por
dentro a partir dele mesmo. Essa é uma pedagogia exigente e inquietante, isto
porque o docente não se identifica com um doutrinador de seus conteúdos, mas
como aquele que conduz o educando a fazer a experiência do conhecimento. Em
síntese, a nossa percepção do “outro”, na maioria das vezes não vai além das
aparências. O nosso “ver” fica apenas na superfície. Para nos dirigir ao outro,
é preciso aprender a “Escutar” de maneira desarmada, com máximo respeito à
singularidade e identidade do outro. Essa experiência do encontro só é
autêntica quando nos submetemos a essa pedagogia, quando aprendemos e
praticamos a ascese do “ver”, do “escutar” e do “acolher” o outro como ele é.
Só então a “alteração” que produz em nós, a “alteridade”, deixará de ser pura
ameaça para dar lugar ao milagre do encontro como verdadeiro enriquecimento.
A compreensão do outro é, assim uma
hermenêutica, uma exegese. O outro vem do “alto” e transcende nossa compreensão.
Caracteriza-se como uma voz que se escuta da outra margem. Revela-se sem deixar
se apreender. Sendo assim, o outro é inteiramente transcendente.
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